sábado, 21 de novembro de 2009

Do Inferno na Terra


Vejam vocês o que é a vida. Aqui estava eu, tranquilo e com a normal falta de perspectiva para o feriadão que se aproximava, quando de repente sou abordado para um convite que, há primeira vista, não seria tão ruim: ir ao cinema. O filme? Lua Nova. OPA. Paremos para pensar. O primeiro filme já foi lá grandes coisas (eufemismo que eu normalmente uso para "merda gigantesca"), o li o segundo o livro e a história consegue a proeza de ser pior que a do primeiro (bom, considerando que o primeiro livro, digo, nenhum dos quatro livros preza por uma história muito concisa, daí vocês tiram). Mas, bom, bora ver, né. Já vi tanta coisa pior no cinema (Oi, Zohan). Aí, chegamos a parte que eu mais gostaria se essa fosse a história da vida de outra pessoa da qual eu poderia rir adoidado: o horário. O horário do barco de Caronte? Sessão de pré-estreia à meia-noite de quinta. O-PA. Paremos pra pensar de novo. Eu já fui em estreias movimentadas, como a de HP5 em que um grupo de crianças mongoloides estavam vestidas de bruxo gritando feitiços para todos os lados (algumas das pessoas tinham seus 15, 16, 17...20 e tantos -O_O- anos, mas eu não consigo dotar de maturidade alguém que faz isso, portanto, grupo de crianças mesmo rs). Algo poderia ser pior que isso? Eu, no auge da minha inocência, imaginei que não.

Antes de voltarmos ao texto em si e ao que realmente interessa, algumas coisas precisam ser ressaltadas. Primeiro, eu estava lá a 'trabalho', já que o convite tinha vindo do meu colega de trabalho não-remunerado @arthurmelo para o qual eu deveria escrever um crítica para o filme (que vocês podem ler clicando aqui #momentoTopTherm). De quebra, chamei mais uma pessoa para ir conosco a @giopires - uma das únicas pessoas no ambiente que em breve descreverei que leu todos os livros desta inigualavelmente ruim série de livros e não fez as coisas que em breve lhes narrarei. Terceiro, das seis salas do cinema, as seis estavam preparadas para receber os fãs de Crepúsculo e eu para a mal fadada sessão da meia-noite. Bom, tendo tirado toda minha culpa por ter aceitado tal convite e setando os parâmetros numéricos que servem de base para expressar um dos piores momentos da minha vida, voltemos.

Vocês já devem ter ouvido muitas definições do que seria o inferno. Depois da sessão em que fui obrigado a estar, eu tenho uma nova definição Aurélio para vocês.
Inferno. sm - Grupo de pré-adolescentes hormonizadas e/ou histéricas ao extremo berrando de cinco em cinco minutos sem nenhum motivo que faça sentido ao autor desta obra.
E para que vocês que pensam que o Inferno fica abaixo de nós, enganaram-se também. Ficava no nono andar do shopping. Entramos eu e @giopires às 10 e meia no cinema pra ficarmos sentados, conversando, enquanto a sessão não começava, quando damos de cara com uma cena no mínimo pitoresca: um bando (sim, animal a gente trata por bando mesmo) de meninas de no máximo doze anos (e um menino junto delas, vale frisar) sentados no chão segurando pôsteres de vocês-sabem-o-quê conversando zurrando em altos decibéis na entrada do cinema. De pronto, peguei meu terço fake do bolso e rezei (numa reza também fake) para que aquelas pessoas não estivessem na mesma sessão que eu. Aliás, esse deve ter sido o dia mais religioso do ano para mim, porque assim que olhamos mais a fundo como o cinema estava uma hora e meia antes da sessão, eu devo ter cantado uns 3 aves-maria na cabeça. Não só esse grupo aborígene estava no chão, mas como uns cinco. Não conseguimos ficar 10 minutos lá em cima e descemos para esperar o culpado por tudo chegar: @arthurmelo. Assim que ele chegou subimos de novo e tal qual verme em estado não-latente a praga zurrante tinha se multiplicado e o lugar estava inabitável. Mandei mensagens/liguei para as pessoas para contar o que estava me acontecendo, o safári em que estava 'passeando' (passeio da morte, quem curte), @erikaczb e @Cauee. Gente, mal tinha lugar pra colocar o pé, que dirá sentar. E ainda faltava uma hora praquela droga começar.

Gente, a pior hora da minha vida. Preferia 5 vestibulares seguidos que aquilo de novo. A cada sala que se abria para enjaular as feras era uma onda de gritos, berros, zurros, enfim, de alegria. Uma alegria que eu não compreendo porque OI, você comprou o ingresso do filme, está no cinema e seu lugar é marcado, não tem motivo pra gritar porque a porta se abriu. Mas não, o ritual de passagem se repetiu infinitas seis vezes, cada vez mais forte, cada vez mais vergonhoso. Estava com vergonha. Não com vergonha por aquelas pessoas, porque por elas o sentimento era pena mesmo, mas vergonha de mim mesmo por estar naquilo, e pela possibilidade de ser reconhecido ali. Desculpem-me sou apenas um rapaz latino-americano de 21 anos que tem uma reputação a zelar e que estava em um cinema do seu proprio bairro podendo ser reconhecido inúmeras vezes por pessoas que saiam (assustadas, claro) de outras sessões e davam de cara com a savana africana em forma de gente. Por inúmeras vezes, fui obrigado a me esconder com @giopires atrás daqueles pôsteres de papelão gigantescos para que as pessoas não me vissem. Sim, é triste eu contar isso aqui. Mas seria mais triste ser visto ali.

O inferno poderia ter ficado ainda pior se de fato as cópias legendadas não tivessem chegado a tempo nos cinemas como estavam pintando por aí. Mas pelo menos isso não aconteceu. Aliás, nada de muito interessante aconteceu depois que eu entrei na sala de cinem... OPA. Ia esquecendo o melhor da noite. Um casal na nossa frente subindo as escadas estava conversando sobre um assunto de fundamental importância: urina. Em certo momento, a garota, talvez tentando argumentar sobre sua vontade de ir ao banheiro, proferiu a seguinte frase: "Mas a minha bexiga é menor que a sua!". E isso ela disse gritando, detalhe. Mas tirando a mulher da bexiga diminuta, nada de interessante aconteceu mesmo (nem o próprio filme, né, como já era de se esperar). Graças a minha inteligência em escolher a sala menos lotada para comprar os ingressos e ao fato de a nossa sala não ter sido aberta para venda no dia que as outras foram abertas (inicialmente só duas salas exibiriam o filme à meia-noite e a nossa foi a quarta a abrir, o que provavelmente nos livrou dos berros histéricos e zurros de prazer a cada cena dos atores principais, embora ainda tenha tido risinhos e suspiros, mas nada out of line).

E se você está lendo este post com o dedo coçando pra responder que eu só digo isso porque não sou fã, eu digo: vai tomar no cu. Eu sou fã de Harry Potter (li os livros mais de 4 vezes, a maioria), The Killers, Arctic Monkeys e outras coisas e não reproduzi este tipo de comportamento na estreia dos últimos filmes de HP e nem quando eu estava na fila do Tim Festival '07 esperando os shows do TK e do AM (sendo que, OI, em show nego perde a noção total), sabe por que? Porque sou educado. Gritar desesperado, zurrar, conversar alto, rir com o intuito de chamar a atenção da coleguinha do lado que não tem a sua camisa Team Jacob super trabalhada no Paint não é demonstração do seu fanatismo pela obra e sim demonstração da sua imensa falta de educação e senso. E vai se foder quem não concorda.

Finalizo o post de hoje tendo em mente a certeza que daqui um ano não precisarei dar um UP nisto.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Do esquerdismo de minuto

Primeiro, queria pedir desculpas a todos aqueles que visitaram massiçamente o blog nas últimas semanas e não encontraram nenhuma postagem nova. Desculpa por não fazer um título mais claro pra ele. Dito isso, bola pra frente...

Bom, eu poderia estar falando do apagão que me deixou meio tenso sem poder usar o Twitter e sem poder ver Ídolos (ainda bem que reprisou na quarta, ufa!); eu poderia estar falando de variações de vestidos e vaias em ambiente acadêmico de luxo; eu poderia até mesmo estar falando sobre o novo CD da Lady Gaga ou a estréia de Lua Nova nos cinemas (ou seja, eu podeira conseguir mais leitores); mas não... estou aqui hoje, amigos, para falar de política.



Quem me conhece, deve estar pensando "Meu Deus, mas o Breno odeia política". Sim, odeio. Odeio por ser obrigado a votar em um país que se entende por democrático. Odeio por ser obrigado a ver a cada dois anos políticos mais e mais sujos entrarem no poder e nada mudar. Mas o assunto não é bem esse... Bom, eu já disse que vou falar de política e vocês já leram o título do post. Logo, tudo fica claro.

Acontece que na minha ilustre faculdade está acontecendo este mês a votação para diretor. De um lado, um cara que defende a atual 'gestão' e do outro uma safada desorganizada que quase me acabou com a minha vida #LeonaFacts. Obviamente, não farei aqui nenhum tipo de campanha política porque OI, ninguém que entra aqui é da minha faculdade, mas a nível de exemplificação, acabarei tecendo certos comentários.

Visto de longe e partindo da minha maneira egocêntrica de enxergar as coisas, o candidato do 'governo' é o melhor mesmo. Eu conheço ele? Não. Eu conheço a proposta dele? Menos. Só voto nele (voto secreto, quem curte) porque a outra eu conheço, embora preferisse não ter tido o desprazer. Embora eu não tenha sido o único a ter tido problemas com ela, durante os debates que vem acontecendo na faculdade (hoje foi um deles), venho percebendo uma coisa: muitas pessoas (estudantes principalmente) defendem e apoiam a tal da mulher.

Isso me fez pensar. Não entrava na minha cabeça que qualquer pessoa que tivesse tido aula com uma mulher que não conseguia se organizar pra tomar conta de 30 alunos pudesse achar que ela daria conta de, sei lá, 3000, acho. Até que hoje finalmente um estalo de fez. As pessoas só apoiam a candidata despreparada (pra sentirem, ela errou o nome da própria chapa) porque ela é a oposição.

Chegamos agora no conceito que eu chamo de pseudopoliticagem (coloquei o hífen e tirei). As pessoas não conhecem a proposta dela - ela só foi entregar panfletos de 'propostas' hoje na hora do debate quando o outro já tá fazendo isso faz mais de uma semana -, então o que elas defendem? A mudança. Que mudança? Nem elas vão saber responder. O simples feeling da mudança, seja ela qual for, causa nas pessoas um furor que me impressiona pela inconsistência.

Se eu acho isso errado? Indiferente pra mim. Já falei, não gosto de política. Mas nesse caso particular, que me envolve por questões pessoais, me afeta um pouco e me faz pensar. Ano que vem teremos eleição e me pergunto: quantas pessoas que apoiaram o Lula quatro ou oito anos atrás vão continuar apoiando o PT? O PT agora representa a 'direita', o que está no poder, o que controla. Do outro o PSDB (era esse o partido do FHC, né?) agora é a esquerda. Que irônico, não?

Uma vez vi pessoas dizendo "Sou esquerdista", sem nem, como eu, saber o que quer dizer profundamente. Mas, até onde consta no meu vago conhecimento político, o termo 'esquerda' é tão vago quanto meu conhecimento político, pelo menos na superfície. O que é direita hoje, pode ser esquerda amanhã. E aí, parça, qual vai ser? Trocar de partido ou de visão ou de candidato a cada quatro anos? Como eu disse, inconstante.

Não sei se a pessoa que eu não posso falar o nome (sente o ódio) vai ganhar pra diretora da faculdade. Só sei de duas coisas: primeiro, ela vai estar na minha formatura e eu vou vaiar como fiz nos debates; segundo, ela que aproveite a gestão de quatro anos porque na próxima ela é a direita e aí, no meio dos pseudopolíticos que enchem a faculdade de bostas políticas, ela vai sambar bonito. Espero ser convidado pra ver isso, se não for esse ano.