segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Da massificação dos meios¹ de privacidade internética

Acabo de me deparar com um tweet (se nem isso você sabe o que é, parabéns você achou esse blog pelo Google) de uma amiga minha (@erikacbz, beijocas) a seguinte afirmação: "O Twitter chegou num ponto que não posso dizer mais o que penso, senão vou ser jurado de morte". Isso me lembrou o motivo de eu ter feito que, por meses, considerei absurdamente imbecil: bloquear meu próprio twitter pra leituras de outrem.

Criado em 2006, o Twitter começou como a promessa de um espaço internético onde você podia dizer o que queria. Falar mal de professores, mandar os amigos tomar no cu quando ficava com raiva, fofocar sobre o frustrante ambiente de trabalho, escrever o que você estava fazendo como se isso realmente importasse, tudo isso sem a preocupação de ser lido por quem você não poderia ler aquelas coisas sem que você sofresse alguma consequencia no ambiente offline, não por ser altamente privado (lembremos que nada na internet o é para quem souber 'mexer' direitinho, aquele abração hacker pra vocês), mas por ser, ao menos no Brasil no início do ano, desconhecido. Sejamos sinceros, só os nerds de plantão 24hrs na internet sabiam da existência do Twitter até, sei lá, julho/agosto deste ano.

Ah, aquela falsa sensação de liberdade, expressar tudo que queria para seus amigos (claro, você cria um Twitter e chama os BF pra usar com você, porque se fosse pra escrever pra ninguém, que abrisse o word e salvasse depois na pasta "Diario" dos 'Meus Documentos' dando aquela encriptada), não ser lido por seu patrão, amigo menos chegado, pessoas toscas de quem você falava mal, alunos (no meu caso particular), colegas de trabalho e afins. Agora imaginem tudo isso indo por água abaixo quando você, um dia, recebe em seu e-mail a seguinte mensagem "Sr. Souza Silva (vulgo TEU PATRÃO) está te seguindo". Você pensa o que, numa hora dessas? FODEU, um FODEU forte, seguido de exclusões em massa de antigos tweets comprometedores. Menos um assunto que poderá ser tratado de forma 100% sincera no Twitter. E isso se repete quando todos aqueles que você daria o rim pra não saberem ligar um computador passam a te seguir no Twitter.

Não só isso é frustraste no microblog (juro que odeio essa definição). Há também aquilo que concerne aos famosos no Twitter. Tu pensa "Pô, sou fãzaço da Joelma do Calipso (rs), vou seguir ela no Twitter pra ver tudo que ela tá fazendo" (não que eu espere que alguns de vocês seja fãzaço da Joelma e, se forem, façam-me o imenso favor de fechar a janela. Juro que não me chateio). Aí que ferra tudo. Porque, meu amigo, imagina a pessoa mais boçal que você já conheceu. O seu artista favorito seguido no Twitter vai conseguir superar, acredite. Não só superar a boçalidade, como superar a boçalidade achando que tá sendo cool ("Hoje recebi alguns unfollow, hahaha" = SUPER COOL FAIL).

Outra: sabe aqueles amigos que você não vê faz DÉCADAS (não que eu tenha mais de 2 delas de vida) e você segue no twitter pra ser legal? Então, elas vão se provar mais chatas que seu artista favorito e seu patrão juntos. Elas vão encher sua página principal com informações que NÃO TE INTERESSAM, mas você tem que continuar seguindo a pessoa porque, além de ser educado, ela não fez nada de ruim pra você, e parar de segui-la tornaria você no vilão da história.

Não que eu seja contra as pessoas terem acesso à internet e à informação. Nada contra, acho ótimo. Mas não me tirem a porra da privacidade internética. Quero ter o direito de postar o que eu quiser no twitter sem sofrer represálias, quero seguir quem eu quiser, quero não me frustrar com meus artistas favoritos. Pela não orkutização² do Twitter! Leave Twitter ALONE!


-------------------------------------------------------------------------------------------------

¹ - sim, coloquei no plural mas só falei abertamente de um que é o caso que me frustra. Porém, como não é a primeira nem a última vez que isso acontece com uma nova ferramenta internética, o plural foi escolhido.
² - Lembrando-se que fatos semelhantes ocorrem durante a época de massificação do Orkut. Por isso o termo 'orkutização'.

-------------------------------------------------------------------------------------------------

Post escrito ao som de: Alphabeat - The Spell album.

-------------------------------------------------------------------------------------------------

E pra fechar o balão de hoje (que já tá mais que cheio), um beijo na bochecha da Bananda que se revelou uma assídua leitora de, até então, dois posts.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Das desventuras de um futuro motorista

Antes de começarmos, vou presenteá-los com uma ótima aula de interpretação daquelas que só uma Faculdade conceituadíssima de Letras pode me ajudar a fazer. A primeira coisa a se fazer numa interpretação é ler o título. E o que o título acima os informa? “Que você vai contar sobre sua autoescola” vocês me responderão. E sim, não deixa de estarem certos. Porém, há algo mais nisso tudo. O ponto-chave da questão: a palavra ‘futuro’. Sim, é exatamente a concepção de ‘futuro motorista’ que permeará todo meu discurso aqui.

Partamos do motivo pelo fato de meu status de motorista ainda ser tratado com tal distância temporal. Assumo aqui parte da responsabilidade. Poderia muito bem ter feito autoescola assim que completei dezoito anos, como todo bom garoto torcedor de Fórmula 1 venderia o rim para fazer ao soar da 18º primavera. Acontece que eu odeio Fórmula 1. Não possuía a minha volição para começar a dirigir, tampouco haveria um carro do qual eu pudesse desfrutar. Pra que então tirar carteira?, minha mente ainda adolescente indagava. Deu nisso. Em segundo lugar, culpo meu anjo da guarda por ter me feito nascer no Brasil, quando tenho certeza que muitas outras criancinhas nasceram no dia primeiro de outubro de 1988 nos EUA ou em qualquer país mais avançado. Em terceiro, e mais importante, culpo meu querido e amado DETRAN.

Quando decidi entrar nessa benção, no ano passado, não pude começar quando quis, pois fazia estágio na época e os horários não batiam. Na época – ah, que saudades dela -, o número de hora-aula para a prova teórica era de 30 (ou 35, não me recordo) horas. Hoje em dia são 45. Daí você pensa “Pô, bacana. Tão se preocupando em formar motoristas mais preparados”. Mais preparados MY ASS! Quem já passou por essa provação sabe: aquela merda não deveria durar nem 15 horas que dirá o triplo disso. Não há conteúdo nenhum a ser dado. E o pior: você é ensinado por alguém frustrado da vida. Sim, porque eu não consigo realizar que alguém acorde um dia e pense “Meu sonho é ser instrutor do DETRAN”. Quem tá ali na sua frente lendo (sim, não sei como foi com vocês, mas a minha amada professora – e logo, logo conto o motivo de tanto amor – só fica lendo aquele livro cheio de erros ortográficos e gramaticais) não tá ali porque quer, ele/ela tá ali porque num deu pra nada nessa vida, nem pra passar no concurso público de gari que agora tá exigindo até prova escrita (?????).

Se ainda fosse só isso, juro pra vocês, tava bom. Aliás, tava ótimo. Três horinhas do meu dia lendo livro, estudando pra prova da faculdade e mais um bando de coisas úteis que eu não faria em casa tendo um computador funcional ao meu alcance. Há a pior parte da história: o tal do sistema de digitais. Sério, é muito chato ter que se levantar a cada hora para passar o dedinho no leitor e provar que você esteve ali naquele purgatório. E ainda fica pior. Aposto que ninguém aqui teve uma instrutora que tomasse banho de banheira na água sanitária (porque só pode ser isso que aquela mulher faz – a digital dela demora milênios para passar). A desculpa dela é que ela usa produtos de limpeza para limpar a mansão em que reside, sendo necessário portanto que alguém mais educado que eu apresente àquela doce senhora um artefato comuníssimo chamado luva. Minhas aulas terminam – vã inocência – às 7 da noite. Teve um dia que eu sai de lá depois de sete e meia porque o dedinho da simpatia não entrava para ela fechar a aula e a gente ser liberado. Ainda um pouco pior que isso foi perder duas aulas porque a santa enfiou o dedo no ácido sulfúrico e ficou quarenta e cinco minutos tentando fechar uma aula o que acabou tomando o horário da outra aula e nenhuma das duas contabilizou. Naquele dia, confesso que quase me tornei umbandista na esperança de dar a ela o que ela merecia sem ser preso por isso (nada contra umbandistas, acho ótimo).

Eu sou realmente uma pessoa muito inocente pois achei que esta tinha sido a pior coisa que poderia me acontecer naquele ambiente sem Deus. Na semana que passou – minha penúltima antes de conseguir minha vaguinha no Céu -, fui contemplado com a maior de todas as alegrias: descobrir na quarta que quatro horas de aula que eu tinha feito na terça não foram para o sistema do DETRAN porque, abre parênteses ficcional, a virgem daquela secretária ficou vendo site de pornô sadomasô na internet, pegou vírus e, fecha parênteses ficcional, e o computador teve um problema. Resultado: não querendo ficar um dia a mais do previsto (aguardem fogos cruzando o céu na noite desta sexta), fui obrigado a faltar faculdade na sexta-feira e marcar outras duas aulas pra esta quinta. E desculpa se alguém tem parente instrutor do DETRAN, mas meu ódio por essa raça tá demais. Fim.

Conclusão final: o que deveriam ser apenas 45 horas de puro aprendizado instituciono-mecânico-legal acabaram de tornando mais de 50 horas que não desejo ao meu mais odiado inimigo – e isso me torna uma pessoa mais infeliz com o mundo em que vivo do que normalmente já o sou.

PS: quero deixar um beijinho na bochecha de cada um dos meus 3 únicos leitores que comentaram na primeira postagem.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Do título da obra

Bom, em todos os infinitos anos que tenho de vivência internética, jamais tive paciência para contar todos os blogs que tive. Primeiro, porque não caberiam nos dedos da mão (o que por si só já teria que me dar o trabalho extra de recolher gravetos para servir de referência 'digital'*); segundo, porque a simples ideia de reviver meus textos pré-Faculdade de Letras me dão uma certa turvez na visão que prefiro não agravar; terceiro, porque tal contagem nunca será, como espero já terem percebido, finita.

Ok, neste momento desta nossa conversa, ou melhor, do meu monólogo (já que não ouvirei a opinião de vocês enquanto não comentarem e muito me surpreenderei se houver mais de 3 pessoas diferentes comentando), vocês já conhecem certas características do blogueiro (odeio essa palavra - explico outro dia) em questão. Vamos lá: o cara é preguiçoso, o cara é maneta, o cara faz Letras - conclusão final: ALF+F4.

Portanto, se ainda estão me lendo (e espero que os 3 gatos pingados dos comentários deste post ainda estejam) fiquem sabendo de uma informação relevante: não sou maneta. Saibam ainda mais: os fatos citados no parágrafo acima não são, de longe, motivos suficientemente bons para que deixem de ler tão malfadado blog. A razão pela qual não devem lê-lo é a seguinte: ele não durará mais de um mês. Sim, é com pesar no coração que venho lhes informar que além de preguiçoso e fazer Letras, sou inconstante. A gama de ideias e peripércias que pretendia contar aqui no meu 'mundinho' não farão sentido e tampouco interessarão a vocês. Tenham fé quando lhes digo: minha vida não é movimentada. É, aliás, bem banal.

Não, não tenham pena de mim. Odeio que tenham pena de mim, juro. Se estiver com pena de mim, feche agora essa janela e me poupe desse sentimento vil.

Bom, recobrando-me...

Como ia dizendo, este blog não durará mais de um mês. A começar pelo fato que eu disse acima, a passar pela minha preguiça e a terminar no meu fatorial desenvolvimento de desinteresse pelas coisas que faço. Sim, não tenho comprometimento (mais uma qualidade para sua lista mental de defeitos que tenho), nenhum, algo que se pode notar pela utilização deste layout semipronto de natureza extremamente new age que o blogspot me ofereceu. Não venham aqui toda semana esperando uma nova postagem. Não me mandem scrap, e-mail, som de MSN, DM de Twitter ou comentários por aqui para que eu poste. No máximo, façam comentários triviais e acariciem meu ego para que eu tenha aquilo que os leigos chamam de... como é mesmo?... ah, sim... criatividade.

Enfim, prometo terminantemente uma bela e maravilhosa postagem daqui uma semana sobre as estripulias desta minha vidaloca ou, quem sabe, pensamentos neofilosóficos sobre o transcendentalismo russo da década de 60 no pós-Guerra.





Se depois de todo esse texto introdutório, você chegou até aqui, vangloriado leitor, acredite: contabilizo-o como um leitor ganho. Parabéns, você passou no teste.