Vejam vocês o que é a vida. Aqui estava eu, tranquilo e com a normal falta de perspectiva para o feriadão que se aproximava, quando de repente sou abordado para um convite que, há primeira vista, não seria tão ruim: ir ao cinema. O filme? Lua Nova. OPA. Paremos para pensar. O primeiro filme já foi lá grandes coisas (eufemismo que eu normalmente uso para "merda gigantesca"), o li o segundo o livro e a história consegue a proeza de ser pior que a do primeiro (bom, considerando que o primeiro livro, digo, nenhum dos quatro livros preza por uma história muito concisa, daí vocês tiram). Mas, bom, bora ver, né. Já vi tanta coisa pior no cinema (Oi, Zohan). Aí, chegamos a parte que eu mais gostaria se essa fosse a história da vida de outra pessoa da qual eu poderia rir adoidado: o horário. O horário do barco de Caronte? Sessão de pré-estreia à meia-noite de quinta. O-PA. Paremos pra pensar de novo. Eu já fui em estreias movimentadas, como a de HP5 em que um grupo de crianças mongoloides estavam vestidas de bruxo gritando feitiços para todos os lados (algumas das pessoas tinham seus 15, 16, 17...20 e tantos -O_O- anos, mas eu não consigo dotar de maturidade alguém que faz isso, portanto, grupo de crianças mesmo rs). Algo poderia ser pior que isso? Eu, no auge da minha inocência, imaginei que não.
Antes de voltarmos ao texto em si e ao que realmente interessa, algumas coisas precisam ser ressaltadas. Primeiro, eu estava lá a 'trabalho', já que o convite tinha vindo do meu colega de trabalho não-remunerado @arthurmelo para o qual eu deveria escrever um crítica para o filme (que vocês podem ler clicando aqui #momentoTopTherm). De quebra, chamei mais uma pessoa para ir conosco a @giopires - uma das únicas pessoas no ambiente que em breve descreverei que leu todos os livros desta inigualavelmente ruim série de livros e não fez as coisas que em breve lhes narrarei. Terceiro, das seis salas do cinema, as seis estavam preparadas para receber os fãs de Crepúsculo e eu para a mal fadada sessão da meia-noite. Bom, tendo tirado toda minha culpa por ter aceitado tal convite e setando os parâmetros numéricos que servem de base para expressar um dos piores momentos da minha vida, voltemos.
Vocês já devem ter ouvido muitas definições do que seria o inferno. Depois da sessão em que fui obrigado a estar, eu tenho uma nova definição Aurélio para vocês.
Inferno. sm - Grupo de pré-adolescentes hormonizadas e/ou histéricas ao extremo berrando de cinco em cinco minutos sem nenhum motivo que faça sentido ao autor desta obra.
Gente, a pior hora da minha vida. Preferia 5 vestibulares seguidos que aquilo de novo. A cada sala que se abria para enjaular as feras era uma onda de gritos, berros, zurros, enfim, de alegria. Uma alegria que eu não compreendo porque OI, você comprou o ingresso do filme, está no cinema e seu lugar é marcado, não tem motivo pra gritar porque a porta se abriu. Mas não, o ritual de passagem se repetiu infinitas seis vezes, cada vez mais forte, cada vez mais vergonhoso. Estava com vergonha. Não com vergonha por aquelas pessoas, porque por elas o sentimento era pena mesmo, mas vergonha de mim mesmo por estar naquilo, e pela possibilidade de ser reconhecido ali. Desculpem-me sou apenas um rapaz latino-americano de 21 anos que tem uma reputação a zelar e que estava em um cinema do seu proprio bairro podendo ser reconhecido inúmeras vezes por pessoas que saiam (assustadas, claro) de outras sessões e davam de cara com a savana africana em forma de gente. Por inúmeras vezes, fui obrigado a me esconder com @giopires atrás daqueles pôsteres de papelão gigantescos para que as pessoas não me vissem. Sim, é triste eu contar isso aqui. Mas seria mais triste ser visto ali.
O inferno poderia ter ficado ainda pior se de fato as cópias legendadas não tivessem chegado a tempo nos cinemas como estavam pintando por aí. Mas pelo menos isso não aconteceu. Aliás, nada de muito interessante aconteceu depois que eu entrei na sala de cinem... OPA. Ia esquecendo o melhor da noite. Um casal na nossa frente subindo as escadas estava conversando sobre um assunto de fundamental importância: urina. Em certo momento, a garota, talvez tentando argumentar sobre sua vontade de ir ao banheiro, proferiu a seguinte frase: "Mas a minha bexiga é menor que a sua!". E isso ela disse gritando, detalhe. Mas tirando a mulher da bexiga diminuta, nada de interessante aconteceu mesmo (nem o próprio filme, né, como já era de se esperar). Graças a minha inteligência em escolher a sala menos lotada para comprar os ingressos e ao fato de a nossa sala não ter sido aberta para venda no dia que as outras foram abertas (inicialmente só duas salas exibiriam o filme à meia-noite e a nossa foi a quarta a abrir, o que provavelmente nos livrou dos berros histéricos e zurros de prazer a cada cena dos atores principais, embora ainda tenha tido risinhos e suspiros, mas nada out of line).
E se você está lendo este post com o dedo coçando pra responder que eu só digo isso porque não sou fã, eu digo: vai tomar no cu. Eu sou fã de Harry Potter (li os livros mais de 4 vezes, a maioria), The Killers, Arctic Monkeys e outras coisas e não reproduzi este tipo de comportamento na estreia dos últimos filmes de HP e nem quando eu estava na fila do Tim Festival '07 esperando os shows do TK e do AM (sendo que, OI, em show nego perde a noção total), sabe por que? Porque sou educado. Gritar desesperado, zurrar, conversar alto, rir com o intuito de chamar a atenção da coleguinha do lado que não tem a sua camisa Team Jacob super trabalhada no Paint não é demonstração do seu fanatismo pela obra e sim demonstração da sua imensa falta de educação e senso. E vai se foder quem não concorda.
Finalizo o post de hoje tendo em mente a certeza que daqui um ano não precisarei dar um UP nisto.