Antes de começarmos, vou presenteá-los com uma ótima aula de interpretação daquelas que só uma Faculdade conceituadíssima de Letras pode me ajudar a fazer. A primeira coisa a se fazer numa interpretação é ler o título. E o que o título acima os informa? “Que você vai contar sobre sua autoescola” vocês me responderão. E sim, não deixa de estarem certos. Porém, há algo mais nisso tudo. O ponto-chave da questão: a palavra ‘futuro’. Sim, é exatamente a concepção de ‘futuro motorista’ que permeará todo meu discurso aqui.
Partamos do motivo pelo fato de meu status de motorista ainda ser tratado com tal distância temporal. Assumo aqui parte da responsabilidade. Poderia muito bem ter feito autoescola assim que completei dezoito anos, como todo bom garoto torcedor de Fórmula 1 venderia o rim para fazer ao soar da 18º primavera. Acontece que eu odeio Fórmula 1. Não possuía a minha volição para começar a dirigir, tampouco haveria um carro do qual eu pudesse desfrutar. Pra que então tirar carteira?, minha mente ainda adolescente indagava. Deu nisso. Em segundo lugar, culpo meu anjo da guarda por ter me feito nascer no Brasil, quando tenho certeza que muitas outras criancinhas nasceram no dia primeiro de outubro de 1988 nos EUA ou em qualquer país mais avançado. Em terceiro, e mais importante, culpo meu querido e amado DETRAN.
Quando decidi entrar nessa benção, no ano passado, não pude começar quando quis, pois fazia estágio na época e os horários não batiam. Na época – ah, que saudades dela -, o número de hora-aula para a prova teórica era de 30 (ou 35, não me recordo) horas. Hoje em dia são 45. Daí você pensa “Pô, bacana. Tão se preocupando em formar motoristas mais preparados”. Mais preparados MY ASS! Quem já passou por essa provação sabe: aquela merda não deveria durar nem 15 horas que dirá o triplo disso. Não há conteúdo nenhum a ser dado. E o pior: você é ensinado por alguém frustrado da vida. Sim, porque eu não consigo realizar que alguém acorde um dia e pense “Meu sonho é ser instrutor do DETRAN”. Quem tá ali na sua frente lendo (sim, não sei como foi com vocês, mas a minha amada professora – e logo, logo conto o motivo de tanto amor – só fica lendo aquele livro cheio de erros ortográficos e gramaticais) não tá ali porque quer, ele/ela tá ali porque num deu pra nada nessa vida, nem pra passar no concurso público de gari que agora tá exigindo até prova escrita (?????).
Se ainda fosse só isso, juro pra vocês, tava bom. Aliás, tava ótimo. Três horinhas do meu dia lendo livro, estudando pra prova da faculdade e mais um bando de coisas úteis que eu não faria em casa tendo um computador funcional ao meu alcance. Há a pior parte da história: o tal do sistema de digitais. Sério, é muito chato ter que se levantar a cada hora para passar o dedinho no leitor e provar que você esteve ali naquele purgatório. E ainda fica pior. Aposto que ninguém aqui teve uma instrutora que tomasse banho de banheira na água sanitária (porque só pode ser isso que aquela mulher faz – a digital dela demora milênios para passar). A desculpa dela é que ela usa produtos de limpeza para limpar a mansão em que reside, sendo necessário portanto que alguém mais educado que eu apresente àquela doce senhora um artefato comuníssimo chamado luva. Minhas aulas terminam – vã inocência – às 7 da noite. Teve um dia que eu sai de lá depois de sete e meia porque o dedinho da simpatia não entrava para ela fechar a aula e a gente ser liberado. Ainda um pouco pior que isso foi perder duas aulas porque a santa enfiou o dedo no ácido sulfúrico e ficou quarenta e cinco minutos tentando fechar uma aula o que acabou tomando o horário da outra aula e nenhuma das duas contabilizou. Naquele dia, confesso que quase me tornei umbandista na esperança de dar a ela o que ela merecia sem ser preso por isso (nada contra umbandistas, acho ótimo).
Eu sou realmente uma pessoa muito inocente pois achei que esta tinha sido a pior coisa que poderia me acontecer naquele ambiente sem Deus. Na semana que passou – minha penúltima antes de conseguir minha vaguinha no Céu -, fui contemplado com a maior de todas as alegrias: descobrir na quarta que quatro horas de aula que eu tinha feito na terça não foram para o sistema do DETRAN porque, abre parênteses ficcional, a virgem daquela secretária ficou vendo site de pornô sadomasô na internet, pegou vírus e, fecha parênteses ficcional, e o computador teve um problema. Resultado: não querendo ficar um dia a mais do previsto (aguardem fogos cruzando o céu na noite desta sexta), fui obrigado a faltar faculdade na sexta-feira e marcar outras duas aulas pra esta quinta. E desculpa se alguém tem parente instrutor do DETRAN, mas meu ódio por essa raça tá demais. Fim.
Conclusão final: o que deveriam ser apenas 45 horas de puro aprendizado instituciono-mecânico-legal acabaram de tornando mais de 50 horas que não desejo ao meu mais odiado inimigo – e isso me torna uma pessoa mais infeliz com o mundo em que vivo do que normalmente já o sou.
PS: quero deixar um beijinho na bochecha de cada um dos meus 3 únicos leitores que comentaram na primeira postagem.
6 comentários:
UHSDUHASDUHASDUASDHUHUADSHUSAD ai morri
Ain, daqui a pouco vou ter que começar com esse troço ai.
Não quero :(
Olha. Odeio muito tudo isso e só não digo mais porque vou escrever sobre a mesma coisa muito em breve.
Bjks.
Sabe o que ia te foder ainda mais? Não passar na prova teórica.
(Não me odeie, shit happens)
eu sou sua leitora também, mas não comentei na primeira postagem, ganho beijo na bochecha?
Eu já sabia que vc e algumas outras pessoas daquela galera eram "ótimas cabeças pensantes"... Demorou para vc fazer um blog e expressar suas opiniões, mais agora que o fez... Sempre que der na sua telha eu volto pra ler o que postou... Ps.: por alguns motivos similares eu tbm estou para tirar somente agora minha habilitação e é muito difícil passar por tudo sem sair um pouco perturbado... O consolo é saber que pode piorar...
HAHAHAHAHAHAHA! desculpa, mas as risadas são inevitáveis, Breno!
Vale comentário atrasado ?!
rsrs
Coitado de você, eu conciliei as aulas teóricas com o trampo (fiz a noite), então dormi em quase todas, nem doeu...
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